sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Estudantes de Medicina da UFC criticam insegurança

Carta Aberta à população Fortalezense

Fortaleza, 21 de agosto de 2009.

Foi com muito pesar que nós, estudantes da faculdade de medicina da Universidade Federal do Ceará, recebemos a triste notícia do assalto seguido de lesão por arma de fogo ao Colega Alexandre Henrique Silva Carneiro, que felizmente se recupera e não corre risco de morte. Queremos deixar nossa palavra de conforto e de solidariedade para ele e para toda a sua família que, assim como todos nós, passou por um grande susto.

Infelizmente, não foi a primeira vez que um caso de tamanha violência acontece na universidade, inclusive com casos de morte. E no nosso campus, são freqüentes os acontecimentos de assaltos e furtos. O clima de insegurança é constante, principalmente no final do turno vespertino, quando a pouca iluminação e a pouca, para não dizer ausente, segurança ajudam a fatos como esses acontecerem.

As demonstrações da falta de segurança na Universidade não se restringem ao acontecido no campus do Porangabuçu. Também são muito freqüentes as ocorrências no campus do Benfica e Pici. E para além da UFC, nessa última quarta (19/08), no bloco mais movimentado da UECE, um professor foi assaltado dentro da sala de aula, o que foi apenas um de muitos casos que nos fazem ficar apreensivos.

É importante ressaltar que o acontecido na faculdade de medicina não é fruto da casualidade. A violência urbana tem crescido a cada dia e tal fato não ocorre porque tem nascido mais pessoas de má índole. O fato é que a violência urbana cresce na medida em que cresce a desigualdade social, que aumenta o desemprego, que aumenta a exploração.O Estado, ao não desenvolver políticas efetivas de desenvolvimento social, é também uma das razões do aumento da violência, inclusive pela patrocínio de políticas publicas que criminalizam a população, sobretudo a população pobre.

A Universidade, na tentativa de cumprir sua função social, deveria atuar no sentido de desenvolvimento de pesquisas, tecnologias, profissionais que pudessem atuar no sentido de pelo menos reduzir a desigualdade. Mas infelizmente não é o que acontece, pelo menos na medida necessária. Nem mesmo a Extensão Universitária, um dos eixos de atuação da universidade, atua de forma efetiva na comunidade ao redor do campus para alterar suas condições de vida precárias.

Nesse momento, onde os sentimentos de alegria por ver nosso colega salvo e o da indignação de toda essa situação, não podemos deixar de fazer nosso papel de entidade
representativa dos estudantes de medicina, não podemos deixar de fazer nosso papel enquanto estudantes que lutam por uma outra universidade. Queremos colocar publicamente a necessidade de segurança, iluminação, organização urbana do nosso campus, enfim, a necessidade de um plano diretor para o campus do Porangabuçu. Gostaríamos também de deixar claro que queremos mais segurança, mas não para que ela sirva a favor da repressão dos estudantes e da população.

Queremos convocar todos/as estudantes de medicina para uma assembléia geral, na segunda, dia 24, às 12:30h nas mangueiras da Faculdade de Medicina para coletivamente prestar nossa solidariedade ao Alexandre e organizarmos nossas ações frente ao acontecido.

Centro Acadêmico XII de Maio
Entidade Representativa dos estudantes de Medicina da UFC
Sede Nacional da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina

Contato: Ramon Rawache (85 8818.9658)